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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ana em Fá!

Ana Cañas foi, sem dúvida, pra mim, o grande nome da nova safra de cantoras que tem surgido no cenário musical brasileiro. Dentre tantos nomes de peso, como Mariana Aydar, Roberta Sá, Maria Gadú, Marina De La Riva, Cibelle e Céu, Ana Cañas conseguiu se destacar, misturando blues, jazz, rock, pop e raggae. Uma mistura que, surpreendentemente, deu samba! Com seu segundo disco- que tem o poder de erguer ou jogar de vez no lixo uma nova promessa-, ela conseguiu mostrar a que veio e revelou-se uma cantora diferente, uma cantora de personalidade. Saindo da sombra de veteranas como Marisa Monte e até mesmo grandes nomes da música internacional, como Ella Fitzgerald, Ana Cañas veio com tudo e mostrou que talento é seu novo sobrenome.
O seu primeiro disco, Amor e Caos, apesar de trazer um bom repertório, não mostrou o verdadeiro potencial da cantora. O primeiro disco, como é de se esperar, não dá margem para experimentações. Por isso mesmo, Ana apostou em grandes composições, como Coração Vagabundo, do Caetano, e Rainy Day Women, do Bob Dylan, para não ter erro. E sem dúvida o resultado foi bastante satisfatório. O artista está alí, em seu primeiro disco, para se auto-afirmar, e Ana fez isso como ninguém, a ponto de escrever uma música chamada "A Ana".
Em seu segundo disco as coisas mudam. "Hein?" foge da máxima "em time que ganha não se mexe" e traz 11 faixas assinadas pela cantora, de um total de 12 faixas. E devo dizer que o resultado foi, sem dúvida, mais um ganho- e dos grandes- para a cantora. Contando com um time repleto de estrelas, que vão desde Gilberto Gil a Arnaldo Antunes, o resultado é excepcional.
Ouvindo o disco, percebemos logo de cara, com a música de abertura, uma influência inegável da banda Os Mutantes. Essa faixa dá o tino de como será o decorrer do quase 1 hora de música da boa: Ana sai do repertório jazzistico e clássico, da levada mais bossa nova, e aposta na mistura do rock com outros gêneros musicais. O resultado final é um grande mosaico, onde encontramos diversos gêneros musicais: Um disco colorido, com todas as músicas diferentes entre si.
A impressão que dá, com esse segundo disco da cantora, é que Ana encontrou uma nova identidade. Ana Cañas, nesse disco, solta a voz sem medo, brinca com os sons e revela-se uma grande artista. Mesclando rock com momentos suaves, a dica é colocar o CD no som, aumentar o volume e não se preocupar em mudar de faixa. Esse é um disco que não pode faltar na sua coleção, tá me entendendo?
-Hein?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O começo, o fim... e um novo começo!



Acredito que todo mundo já levantou um dia da cama com o pé esquerdo, olhou ao redor, fez uma recapitulada de tudo que está ou esteve fazendo, e chegou a fatídica conclusão de que a vida que leva não é necessariamente a vida que pediu a Deus.... Em outras palavras, todo mundo já chegou a lamentável conclusão: Tá tudo uma merda! E é a essa conclusão que chegam também as protagonistas do filme que dá vida a este post: Thelma e Louise. Só que elas, ao contrário de muita gente, tentam de alguma forma dar uma sacudida na vida, experimentar novas experiências e... ser feliz!
Eu não gosto de quem critica "racionalmente" esse filme, dizendo que o conceito do filme é discutível, com aquela velha ladainha que diz que a mulher, para se afirmar, não precisa fazer a mesma trajetória do homem- trajetória repleta de galinhagem e violência. Essas pessoas esquecem que, de fato, Thelma & Louise é incontestavelmente feminista, porém a mensagem passada pelo roteiro vai muito além do mero levante de bandeiras. É, sobretudo, um desabafo, um hino à liberdade, ao foda-se tudo!.. Posto isto, quero dizer que enxergo, então, este filme com outros olhos e findo aqui esse papo de feminismo, machismo, etc, etc, etc... Vamos ao que interessa!
O filme nos conta a história de duas amigas que, cansadas da vida monótona que levam, decidem deixar tudo de lado e partir numa aventura de um fim de semana. Só que, como era de se esperar, algumas coisas não saem como o planejado e nos deparamos com deliciosas- e por vezes tensas- situações que fugiram do controle das duas. Um final de semana que, sem dúvida, muda de maneira radical a vida das protagonistas.
O filme começa mostrando o contraste que existe entre o modo como Louise e Thelma levam as suas vidas: A primeira, garçonete, a segunda, a típica dona de casa. Uma decidida, a outra sonhadora; uma dona de si, a outra submissa; uma maliciosa, a outra ingênua; uma que comanda e a outra que é "comandável". Mesmo com tantas diferenças na personalidade, a amizade que existe entre ambas é palpável: as atuações perfeitas de Susan Sarandon e Geena Davis é, talvez, o grande responsável por esse elo tão verossível. A relação entre as duas é tão vibrante e inconsequente, que nos deixa imediatamente encantados, admirados.
O que chama atenção no filme é o modo como vai sendo construído e apresentado ambas: fica claro desde o início, que Thelma e Louise podem ser a vizinha da frente, a garçote do restaurante preferido, a atendente da padaria, a presidenta de uma multinacional... Em outras palavras, são mulheres normais. De fácil identificação. Nada estereotipadas. E é justamente por isso que é quase impossível não se apaixonar pelas duas e, igualmente impossível, não compactuar com todas as decisões tomadas por elas no decorrer da trajetória. Importante ressaltar que não é um filme feito para mulheres, e sim, um filme sobre mulheres.
É inegavél também a transformação pela qual passam as amigas: Louise, que no início mostra-se dura e forte, passa a deixar essa "armadura" de lado, e revela-se uma mulher carinhosa e maleável. Thelma, por sua vez, parece que amadurece com o decorrer da viagem, e torna-se uma mulher mais decidida e dona de si. E isso fica bastante evidente na cena final do filme, em que Thelma quem diz o que fazer, e não Louise, como acontecia na maior parte do filme.
O filme é recheado de cenas sublimes, como a cena do caminhoneiro tarado que as seguem e acaba tendo seu caminhão explodido pelas duas. É incrível! Mas não dá pra não falar da cena final, a cena que fica gravada na cabeça e no coração de todo mundo que assiste ao filme: O beijo entre as duas, as mãos dadas, a escolha do caminho libertador, a corrida desesperada, a câmera lenta, a foto voando ao vento, "Let’s keep going", enfim, um cheiro de liberdade iminente. E o meu coração palpitando, uma tremedeira no ombro, um soco no estômago... Sem dúvida, a trajetória de Thelma e Louise nos deixa uma belíssima história de vida.
De arrepiar!